quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Com versão Tendance automática, Citroen C3 quer brigar entre os hatches superiores

Citroen C3
 As tecnologias do setor automotivo vivem sua época da popularização. Foi-se o tempo que itens como Bluetooth, ar-condicionado digital e tela multimídia eram encontrados apenas em modelos mais requintados. Atualmente, os hatches de entrada já dispõem desses "gadgets".

Agora, a demanda por conforto no trânsito pesado valoriza as transmissões automáticas ou mesmo automatizadas. Com a mudança do perfil do consumidor, esse tipo de tecnologia passou a fazer parte do cotidiano. E a Citroën se mexeu para atender essa demanda. Mudou no conteúdo das versões do C3 – seu carro compacto – e passou a oferecer a transmissão automática de quatro marchas na configuração intermediária Tendance. Junto ao câmbio, veio o motor 1.6 litro. Tudo para oferecer mais por um preço menor – e torná-lo mais competitivo no segmento.

Antes deste realinhamento, o propulsor de 1.587 cm³ e o câmbio automático só estavam disponíveis na versão topo de linha Exclusive. A unidade de força é a mesma da geração anterior, mas ganhou novos materiais nas partes internas. Ele entrega 115 cv de potência a 6 mil rpm e 15,5 kgfm de torque a 4 mil giros – sempre com gasolina. Os números com etanol sobem para 122 cv e 16,4 kgfm. O motor de maior cilindrada dispensa o “tanquinho” para partida a frio. Já a transmissão tem quatro marchas. A versão Tendance com motor 1.5 litro de máximos 93 cv e câmbio manual de cinco marchas continua a ser oferecida.


A Citroën procurou dar um preço “brigador” à versão Tendance mais “recheada”. A marca francesa pede iniciais R$ 50.990 pela configuração com motor 1.6 litro e transmissão automática. O único opcional disponível é o sistema de navegação, que custa adicionais R$ 2.400. O que ainda pode onerar o preço do carro é o tipo de cor – R$ 1.390 para metálicas e R$ 1.790 para perolizadas.
Apesar do valor mais “em conta”, a Citroën não “depenou” o C3 Tendance 1.6 AT. A lista de itens de série traz rodas de liga leve de 15 polegadas, direção com assistência elétrica, computador de bordo, banco do motorista regulável em altura, volante ajustável em altura e profundidade, luzes diurnas de leds e rádio/CD/MP3/USB e Bluetooth. Mas o destaque é o para-brisa “panorâmico” Zenith, grande diferencial do modelo.
Por fora, a Citroën não tocou no visual do C3. O hatch produzido em Porto Real, no Sul Fluminense, mostra um equilíbrio entre formas, robustez e sofisticação. Alguns detalhes cromados, como os presentes na grade dianteira, no friso superior do para-brisa e na parte inferior da tampa do porta-malas ajudam a balancear a aparência do hatch. Na frente, luzes diurnas em leds trazem o carro para atualidade e, na traseira, o formato das lanternas, que lembram bumerangues, fecham o visual fluido do veículo.

Ponto a ponto
Desempenho – Até então, o motor 1.6 litro de 115/122 cv – com gasolina e etanol, respectivamente – só equipava a versão “top” Exclusive. Mas como é o único propulsor que conversa com a transmissão automática de quatro marchas, passou a equipar também a Tendance. Ele mostra bom desempenho tanto na cidade quanto na estrada. A saídas são bem “atléticas” e a relação com o câmbio é amistosa. Nota 8.
Estabilidade – O C3 é muito bem acertado. O conjunto suspensivo, como é tradição na marca, garantequalidade no rodar. Mesmo em velocidades mais elevadas, o compacto transmite a sensação de sempre estar grudado ao asfalto. Em pavimentos irregulares o comportamento também é correto. Nota 8.
Interatividade – Lidar com o C3 no dia a dia é fácil. Os comandos vitais estão à mão e a posição de dirigir é facilmente achada pelos múltiplos ajustes de banco e volante. A visibilidade dianteira é um ponto forte e o grande para-brisa Zenith aumenta a sensação de amplitude ao habitáculo, além de ser charmoso. A ressalva fica por conta dos velhos comandos em satélite na coluna. É preciso se familiarizar, pois o uso é muito pouco intuitivo. Botões no volante são mais práticos. Nota 9.
Consumo – O Programa de Etiquetagem do InMetro aferiu o Citroën C3 Tendance 1.6 automático. E o resultado não foi dos melhores. Com etanol, o hatch registrou médias de 6,5 e 8,8 km/l em trecho urbano e estrada, respectivamente. Já com gasolina no tanque, os números sobem para 9,6 e 13,0 km/l. O resultado foi a nota “D” na categoria e “C” no geral. Seu índice de consumo energético ficou em elevados 2,04 MJ/km. Nota 5.
Conforto – O C3 conta com bom espaço interno. Os bancos da frente têm a densidade correta da espuma e dão a motorista e passageiro boas opções de ajustes. O isolamento acústico é bom, mesmo quando motor é exigido. Há pouco ruído de vento em qualquer velocidade e a cabine oferece uma atmosfera agradável. Nota 8.
Tecnologia – O hatch compacto da Citroën é relativamente novo. Nasceu na Europa em 2009 e compartilha a plataforma com o “premium” DS3, com o C3 Picasso/AirCross e também com o Peugeot 208. O motor é antigo, mas ainda é eficiente e apenas o câmbio automático, nesta versão de quatro marchas, merecia evoluir para seis marchas – como aconteceu na motorização 2.0 da PSA. O carro também conta com luzes diurnas de led e o interior bem equipado, como possibilidade de receber sistema de navegação. Nota 8.
Habitabilidade – Faltam porta-objetos úteis no C3. O do console central ainda traz a base plana, que faz os itens ali colocados escorregarem para fora a cada arrancada. O espaço interno é bom e atrás dois adultos se acomodam muito decentemente. O porta-malas está um pouco acima da média do segmento, 300 litros. É bem suficiente para o cotidiano e apenas aceitável para bagagens de viagem. Nota 8.
Acabamento – O C3 não é luxuoso. Mas os plásticos são de boa qualidade, os encaixes, justos e sem rebarbas, além da finalização, colocam o modelo na lista dos chamados “hatches superiores” – como Fiat Punto, Ford Fiesta e Peugeot 208, entre outros. O revestimento dos bancos nesta versão é simples, mas o tecido grosso denota durabilidade e é bem costurado. Nota 8.
Design – A geração anterior do C3 agradava bastante o público feminino. Com a nova, a marca francesa tentou expandir o leque com um visual mais viril. Os vincos trocam a aparência arredondada por um perfil mais robusto. As lanternas, que se pronunciam em direção às laterais e à tampa do porta-malas, dão sensação de atualidade ao desenho do hatch. A estética “moderninha” se completa com as luzes diurnas de leds. Nota 9.
Custo/benefício – Dotado de sistema de navegação, o C3 Tendance 1.6 AT sai por R$ 53.390. Mesmo assim são R$ 5.100 a menos que a configuração Exclusive com o mesmo propulsor e o câmbio, mas com menos itens de série. E os rivais têm preços próximos. Equipado à altura, a Peugeot cobra R$ 52.390 pelo 208 Active Pack 1.6 automático. Já a Hyundai pede R$ 52.890 pelo HB20 Premium 1.6 AT. O Fiat Punto Sporting Dualogic sai a R$ 54.817, tem motor 1.8 e é bem equipado, mas não tem navegador. O Chevrolet Onix LTZ com My Link e câmbio automático de seis marchas custa R$ 52.400, mas sob o capô tem o motor 1.4 litro. O Ford Fiesta é o mais caro e na configuração SE Powershifit, que não tem navegação, sai por R$ 53.890. O C3 Tendance 1.6 AT tem a vantagem de trazer o para-brisa panorâmico e ter um acabamento superior, junto com o 208 e o Punto. Nota 6.
Total – O Citroën C3 Tendance 1.6 AT somou 77 pontos em 100 possíveis.


Impressões ao dirigir – Uma janela para o céu

Por mais que a Citroën incremente o C3, o chamariz da versão Tendance sempre será o vasto para-brisa Zenith – item de série a partir dessa configuração. Ele garante ao condutor novas perspectivas visuais e ainda amplia a sensação de espaço do habitáculo. Os primeiros metros de condução com o forro puxado e teto de vidro até a altura da cabeça são de adaptação para o motorista, que tem o campo de visão bem aumentado.
É claro que para os dias de sol quente, ou quando não se quer tanta luz dentro do carro, é possível fechar a abertura extra, que torna o C3 quase um carro “normal” – quase porque os parassóis são simples demais, sem espelhos cortesia ou rebatimento lateral. Além disso, à noite, as pequenas lâmpadas deslocadas para as laterais não conseguem clarear o “breu” do habitáculo.



A unidade testada contava com o GPS e tela fixa não sensível ao toque. Ela fica na posição correta para o condutor desviar o mínimo de atenção da via. Entretanto, inserir endereços no sistema pelo botão no rádio é um desafio.
Em termos dinâmicos, o conhecido motor 1.6 litros de máximos 122 cv – com etanol – dá bastante agilidade ao hatch, tanto em perímetro urbano quanto em trechos de estrada. O torque de 15,2 kgfm só aparece a 4 mil giros, mesmo assim o compacto tem bastante fôlego. A unidade testada ainda trazia a transmissão automática de quatro marchas.


Apesar de não ser dos mais modernos, o câmbio “casa” bem com o propulsor com trocas suaves e nos momentos certos. A caixa só peca quando o C3 é conduzido de forma mais animada. As mudanças de marcha acontecem em altas rotações e isso reflete em ruídos do motor na cabine.
Assim como o Peugeot 208 – seu companheiro na linha produção em Porto Real –, o C3 traz um ótimo acerto do conjunto suspensivo. Ele é capaz de deixar o carro sempre na mão do condutor em curvas sinuosas, mas também propicia uma boa dose de conforto no rodar urbano “lunático”. Os pneus 195/60 montados em rodas de 15 polegadas são bastante adequados ao porte do carro e dão ótima aderência. O compacto balança pouco e passa sensação de segurança mesmo em velocidades mais altas.





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